Nos últimos anos, o ciclismo deixou de ser um esporte de elite europeu e está ganhando cada vez mais popularidade a nível mundial.
Existe um crescente impulso quanto a isso pelos inerentes benefícios a saúde de quem pratica, a mobilidade urbana e ecologicamente correto em tempos de superaquecimento global.
Especificamente quanto aos benefícios a saúde, isto deve ser balanceado com as potenciais lesões que podem acontecer e surpreendentemente há uma escassez de estudos sérios no referente a isso o que muitas vezes dificulta a tomada de decisões médicas adequadas.
Tais lesões variam com o tipo de ciclismo realizado: estrada, BMX ou mountain bike.
No primeiro exemplo temos a manutenção de posturas durante prolongados períodos, enquanto nos outros dois tipos exige-se esforço muito intenso durante curtos períodos.
A presença de alguma dor raramente impede alguém de pedalar, mas provavelmente limitará seu conforto e consequentemente seu desempenho. Em um estudo recente, 67% de ciclistas recreacionais permaneceram praticando mesmo com nível significativo de queixa.
Entretanto se essa dor estiver sempre presente ou no pior dos cenários, apresentar piora progressiva é um sinal de alerta importante, seu corpo está lhe avisando: “ALGO ERRADO ESTÁ ACONTECENDO...”
Em outro estudo realizado com 109 ciclistas de elite, o local de dor mais comum foi a região lombar, enquanto a dor na região do joelho provocou a piora do desempenho.
Em ciclistas recreacionais, além destes dois locais há uma elevada presença de queixas na região cervical, na sua imensa maioria devido a hiperextensão do pescoço no ciclismo de estrada.
Um outro fator bem representativo é quanto ao tamanho do quadro, posição do guidão e do banco.
O QUE É GERENCIAMENTO DE CARGA
Todos os sistemas do corpo humano tendem a se adaptar gradativamente a mudanças, exemplificando, ao treinar em subidas sua força e capacidade aeróbica serão gradativamente potencializadas, bem como realizando os “tiros” de velocidade.
Mas deve se ter em mente que nem todo mundo tem a mesma velocidade de adaptação a um determinada frequência e intensidade de treino, as respostas variarão.
Especificamente no ciclismo, os músculos e ossos em conjunto funcionarão como alavancas. O corpo do ciclista precisa de carga suficiente para se adaptar e melhorar, mas não tanta carga que exceda sua capacidade, o que se torna uma questão de "treinamento de gerenciamento de carga".
Isso tem que ser visto como um componente chave para uma boa evolução: o médico, o ciclista e seu treinador devem criar um plano específico para que o atleta consiga evoluir e ao mesmo tempo não produzir lesões.’
Uma das melhores formas de realizar isso é usando-se os medidores de potência.
Falando especificamente das queixas ortopédicas mais comuns:
DOR LOMBAR
A queixa mais comum tanto em profissionais quanto a amadores. Sendo transitória por poucos dias, pode ser considerada normal.
A postura em flexão contínua tende a relaxar os músculos abdominais e por maior tensão na região lombar, principalmente nos músculos e ligamentos.
Como procurar evitar:
1- Além do fortalecimento desse dois grupos musculares a inclinação correta da pelve anteriormente tende a distribuir de forma uniformemente a carga na região, causando menos estresse e consequentemente menos dor em um ponto específico;
2- A modificação no equipamento e a realização do “bike-fit” são muito importantes;
3- A flexão lateral excessiva do tronco também deve ser evitada.
IMPORTANTE: deve de ter em mente que a diferenciação entre um erro ergonômico ou a existência de uma real patologia na lombar somente será possível através de um correto exame físico e não apenas olhando-se uma ressonância ou outro exame de imagem, pois exames nem sempre traduzem a real causa da queixa.
DOR NOS JOELHOS
Também extremamente comum, a maioria das vezes sendo relacionada a articulação entre a patela e seu encaixe no fêmur, entretanto há pelo menos outros 5 pontos possíveis e potencialmente incapacitantes que devem ser corretamente examinados e investigados por profissional qualificado para tal. No tangente a bicicleta, novamente a importância do “bike-fit”, bem como o ajuste correto do pedal para realizar o ciclo de movimento da forma mais harmônica possível.
Em ambos os casos, a correta identificação da causa e o tratamento ou medida adequada para identificar a origem do problema deve ser buscados, pois se isso não for feito, cedo ou tarde a limitação aumentará e lhe trará prejuízo. Quanto mais precocemente corrigido, melhor.
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