Frequentemente ouvimos esse tipo de questionamento. Numa análise rápida, temos maior impacto ao nos deslocarmos a uma velocidade maior, então teoricamente isso seria aceitável de se pensar. Mas será verdade mesmo? Para uma resposta mais detalhada, temos que analisar situações específicas inerentes ao indivíduo e a atividade em si: 1- Seu nível de condicionamento físico global; 2- A “saúde” dos discos da sua coluna; 3- O nível de performance; 4- O tipo de terreno; 5- A velocidade da corrida;
Primeiramente, quem pensa em iniciar nessa atividade deve lembrar que ela é exigente do ponto de vista músculo-esquelético e fisiológico, sempre é recomendável uma avaliação cardiovascular para descartar patologias e em pessoas mais velhas, o uso de um frequencímetro para controle adequado dos batimentos cardíacos é um bom parâmetro para acompanhamento em tempo real.
Analisando os aspectos citados acima: 1- Nível de condicionamento:
Sendo a corrida altamente demandante para as articulações de membros inferiores, primeiramente recomendamos sempre começar devagar e observar a resposta obtida. Seu corpo precisa de um tempo de adaptação e erro comum é tentar iniciar em um nível além do que o condicionamento inicial permite. Nunca esquecer que o ganho será gradual no decorrer de meses de treinamento. Você deve lembrar que seu corpo trabalha de forma sincrônica. Então é essencial para que não ocorram lesões, realizar um trabalho físico complementar para não sobrecarregar tendões e músculos ao nível de quadris, joelhos, tornozelos e pés.
2- A “saúde” da coluna
Se já existe uma dor presente antes do início da atividade, o correto é buscar uma avaliação com especialista para descobrir a real causa dessa dor e na constatação de uma patologia específica tratá-la antecipadamente. A grande maioria das vezes medidas corretamente orientadas resolverão a situação. Nos casos onde há uma determinada doença, o nível dos sintomas irá determinar se há ou não possibilidade de iniciar a atividade.
3- O nível de performance
Esse aspecto é importante delimitar no início da atividade: “você quer participar de provas ou somente melhorar sua saúde?” Evidentemente quem busca um resultado que o coloque em condições de competir deverá saber que o nível de exigência será muito maior e as lesões podem surgir.
4- O tipo de terreno
“Quero correr na rua”, “Farei só esteira na academia”, “Pretendo participar de provas de cross-country”. São situações que mudam o tipo de movimento fino realizado pelo corpo. Exemplificando, na esteira executamos um movimento linear onde parte do impacto também é absorvido, muito diferente de correr em um terreno íngreme e com cascalho onde a demanda de esforço muscular global gerada a cada passo é muito maior, pois a postura da atividade muda substancialmente.
5- A velocidade
Alguns estudos recentes apontam que em velocidades baixas a corrida tem um efeito protetor e inclusive anabólico, ou seja, permite que os discos recebam mais nutrientes e mantenham-se saudáveis por mais tempo.
Então toda pessoa pode correr sem prejudicar sua coluna?
Considerando um coluna onde não exista doença não há contraindicação para a prática desta atividade. Eventualmente pode ocorrer dor na região lombar, mas esta normalmente é temporária e relacionada a contraturas musculares e regride facilmente com medidas adequadas. Esses desequilíbrios musculares devem ser corretamente identificados e tratados na imensa maioria dos casos com medidas relacionadas ao fortalecimento e ganho de flexibilidade na região lombar-pelve-quadris. Naqueles indivíduos que já apresentam alguma doença que lhe traz certo grau de limitação, a corrida pode ser considerada desde que na sua execução não ocorra uma piora importante de sintomas de forma persistente. O que posso fazer para prevenir lesões?
Um dos principais fatores para a ocorrência de lesão é a quilometragem total, então um primeiro passo lógico seria diminuir o volume de treinamentos. Você pode intercalar os dias de corrida com outra atividade, chamado de “repouso ativo”, assim permite a recuperação do organismo mais facilmente. A natação é uma ótima alternativa. Outra medida importantíssima é associar exercícios de alongamentos e relaxamento para minimizar desconforto.
Procure “escutar” seu corpo: dores que permanecem por mais de 24-48h após a atividade não são decorrentes somente do exercício e devem ser avaliadas por profissional capacitado e corretamente investigadas quando achados específicos indicam essa necessidade.
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